Adultos também gostam de aprender!
“Despertar a alegria
da expressão e do conhecimento criativos é a arte suprema do professor.” Albert
Einstein
E como gosta!
A questão toda reside em termos pessoas que gostem de
ensinar adultos, preparadas para fazê-lo.
Contrariamente ao que muitos pensam e até ao que muitos
dizem, adulto aprende de forma diferente de criança. O adulto gosta de aprender
e se envolverá de verdade no aprendizado, se os pressupostos assumidos pelo
facilitador do processo forem andragógicos. Em outras palavras eu diria que
ainda não descobri 100% o segredo do sucesso no ensino de adultos, mas com
segurança já descobri o segredo do fracasso no ensino de adultos: Tentar
ensiná-los como se fossem crianças. Ou, tecnicamente falando querer aplicar a
Pedagogia no ensino de adultos.
“Adulto é laguém que se percebe e se comporta como adulto.”,
definiu Malcoln Knowles (‘The modern practice of adult education”, 1980). Isso
tem implicações muito importantes no ensino, pois aponta para uma dos
princípios basilares da Andragogia, qual seja o da autonomia do adulto no
processo de ensino e aprendizagem.
Especialmente no contexto eclesiástico, notadamente na dimensão
do ensino, mas também na da pregação, o foco observado na prática contemporânea
está bem distante do que preceituam os estudos mais modernos e relevantes sobre
a forma de ensinar adultos.
Por esta razão, em boa hora, Zezina Soares Belan, exímia educadora,
com formação acadêmica sólida e experiência inconteste na área de ensino de
adultos, fez vir a lume seu texto “Andragogia em ação – Como ensinar adultos
sem se tornar maçante” (Z3 Editora, SP. 134 páginas), um livro escrito com o
pensamento da autora voltado para quem tem a tarefa de ensinar adultos.
Nos dez capítulos de seu brilhante texto, Zezina Belan
demosntra que, não apenas é fato que adultos gostam de aprender, como também é
verdade que é possível aprender ensiná-los de forma que gostem e se envolvam.
Nos três primeiros capítulos, a autora, além de arriscar uma
definição de Andragogia como “a ciência que apresenta uma metodologia voltada
para a aprendizagem do aluno adulto” e frisar que o adulto quer entender porque
tem que aprender algo; prefere aprender o que o ajudará a resolver seus problemas
e precisa aprender experimentalmente; foca em quem é o adulto: Autônomo,
participativo e com capacidade média de concentração contínua em torno de 7
minutos; em como o adulto aprende de forma diferenciada.
Nos sete capítulos restantes, Zezina acende o holofote de
seu texto na pessoa do professor de adultos, que precisa ser um facilitador, um
agente de mudanças, um despertador do desejo de aprender; devendo explorar as
características da aprendizagem dos alunos adultos através de técnicas e
métodos apropriados. Procura mostrar que o facilitador precisa observar a
diferença entre objetivos e conteúdo, selecionar métodos de ensino e dinamizar
as aulas para estimular os adultos a prosseguirem.
O texto vai mais a fundo e aborda métodos, técnicas e
recursos para o ensino de adultos, ensinado que através dos recursos
audiovisuais a aprendizagem se processa com maior eficácia e que o uso
simultâneo de metodologias e a ativação de mais sentidos aumentam a retenção do
que deve ser aprendido. No entanto, como tudo na vida, o bom planejamento é de
suma importância. Neste sentido, a autora sugere que o facilitador tenha boa
visão do processo de ensino: Enxergue que antes de ensinar precisará se
organizar, imaginar-se na situação de ensino, praticar e relaxar; durante o ensino
não poderá se esquecer de manter contato visual com os alunos, movimentar-se e
usar os recursos extraordinários da sua voz; depois ensinar precisará responder
as demandas dos alunos e ir avaliando como está se dando a retenção do
aprendizado.
O texto termina com uma chamamento à criatividade, deixando
claro que ela resulta de esforço, vontade, força de vontade e vontade de
esforçar-se. Conclui: “Sua criatividade é uma excelente ferramenta no preparo
de suas aulas. (…) Solte sua imaginação (…) e lembre-se de colocar em tudo seu
bom humor.(…) Não fique aí parado! Coloque sua criatividade em ação e seja um
vencedor.” (páginas 132, 133).
É um texto provocativo, elucidativo e de leitura
indispensável para quem deseja ensinar adultos sem perdê-los nos primeiros
minutos de aula, sem irritá-los e sem fazê-los ter aquela sensação de que
poderiam estar usando de maneira mais relevante e útil, o seu tempo. É um texto
que tem potencial de ajudar você a ensinar adultos de forma a fazê-los contar
os dias até a sua próxima aula.
Leia e, como adulto, constate por você mesmo.